A chegada em massa de imigrantes tunisianos nos últimos dias à ilha italiana de Lampedusa deixou o governo de Roma isolado para enfrentar o fenômeno, em meio à recusa dos Estados menos afetados da União Europeia a apoiar seus parceiros de fronteira.
Depois de cinco dias durante os quais até 5.000 clandestinos procedentes da Tunísia desembarcaram na pequena ilha italiana, a Organização Internacional para as Migrações anunciou nesta segunda-feira que a chegada de imigrantes começava a diminuir, mas a polêmica entre Roma e a Comissão Europeia já estava criada.
Depois que o ministro italiano do Interior, Roberto Maroni, acusou Bruxelas de "ter deixado a Itália sozinha, como sempre", a comissária de Assuntos Interiores, Cecília Malmstrom, rejeitou as críticas, assegurando ter oferecido ajuda em vão.
"Estou muito surpresa" pelo fato de a Itália "ter denunciado uma resposta lenta e burocrática da comissão a seu pedido de ajuda", disse Malmstrom.
"Estive em contato com as autoridades italianas desde o sábado e quando lhes ofereci ajuda, me disseram: 'não, obrigado, não pedimos assistência da comissão nestes momentos'", contou a comissária.
Por meio de seu porta-voz, Maroni pediu nesta segunda-feira que a Europa "passe das palavras aos atos".
Paralelamente às trocas de acusações, o fato de as autoridades italianas não terem à disposição ajuda imediata de seus parceiros europeus é mostra clara da falta de recursos para lutar contra a imigração ilegal dentro da União Europeia (UE).
A Comissão Europeia, o executivo do bloco, vem pedindo, até agora sem êxito, mais recursos para adquirir barcos, helicópteros e aviões para realizar as missões da Frontex, a agência europeia encarregada da vigilância das fronteiras externas.
Com um orçamento anual de cerca de 90 milhões de euros (em torno de 120 milhões de dólares), a Frontex apenas consegue organizar operações piloto e preparar estudos, lamentam fontes diplomáticas em Bruxelas.
Os Estados europeus também rejeitaram que a participação nas operações da agência, atualmente voluntária, passasse a ser obrigatória, mesmo com os gastos ficando a cargo do orçamento da UE.
Com falta de efetivos permanentes e de recursos suficientes, a Frontex enfrenta dificuldades para cumprir suas metas de vigiar as fronteiras externas da UE, apoiar operações de retorno dos ilegais e mobilizar forças de reação.
Paralelamente, a Grã-Bretanha e os países escandinavos opõem-se a toda política de solidariedade com os Estados, especialmente mediterrâneos, confrontados com a chegada em massa de imigrantes e pedidos de asilo.
"Em vez de criticar a comissão, mais valeria à Itália denunciar seus parceiros que bloqueiam" as propostas para reforçar a cooperação, destacaram fontes diplomáticas.
Os ministros europeus do Interior preveem abordar a luta contra o fenômeno em sua próxima reunião, de 24 de fevereiro em Bruxelas.
Fonte:G1
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